SARTRE

Esta edição traz um novo prefácio da autora, escrito após o centenário de nascimento do filósofo (ocorrido em 2005), em que se faz uma atualização sobre o legado de Jean-Paul Sartre do ponto de vista do século XXI.

A vida e a obra de Jean-Paul Sartre (1905-1980), relatadas pela sua principal biógrafa, Annie Cohen-Solal, nos levam passo a passo pelos caminhos, angústias, relacionamentos, paixões, compromissos políticos, desavenças pessoais, indagações filosóficas, fracassos e sucessos desse filósofo e romancista cuja vida e pensamento se confundem com a própria história do século XX.

A partir de uma reconstituição detalhada das diferentes épocas, lugares e situações, emerge a figura de um Sartre que constrói a sua filosofia como homem de seu tempo. E também adiante de seu tempo – daí a atração que ele sempre exerceu sobre a juventude. Na década de 30, foi um professor-filósofo com comportamentos que só nos anos 60 seriam difundidos. Também nessa época iniciaria um relacionamento não-convencional com a escritora Simone de Beauvoir, que os colocaria em evidência internacional como exemplo da autonomia e transparência que semelhantes relações podem alcançar. Negou-se a filosofar somente em salas de aula e atrás de escrivaninhas e, devido ao seu comportamento, tornou-se o paradigma de intelectual engajado. Como romancista e dramaturgo, marcou gerações a fio com seus textos, sobretudo A náusea, O muro e o memorialístico As palavras – perpassados pelo Existencialismo. Apesar do reconhecimento do público e da crítica, recusou o prêmio Nobel de Literatura em 1964. Enfim, Sartre assumiu, com todas as conseqüências, os compromissos de uma existência individual que se percebe como historicamente determinada, mas única, indelével e definidora.

A sua biografia, com a riqueza de detalhes recolhidos por Annie Cohen-Solal, é um verdadeiro caminho de descoberta: do filósofo-romancista – para além do mito – e de como a vida e a obra de um indivíduo são História para nós, filhos do século XX, que certamente não seríamos o que somos se ele não tivesse existido.