Ricardo Sena fala sobre a exposição deste sábado

26.05.09

Por que fazer uma exposição sobre bandas de rock de Salvador?

Acredito que a cena alternativa musical de Salvador é rica e precisa de mais espaço nos meios de comunicação, seja no âmbito da própria Bahia, quanto em outras capitais. Tenho também o propósito de futuramente levar essa exposição para outros estados e com isso aguçar a curiosidade de outros públicos, movendo-os para pesquisar o que é produzido em termos do rock baiano e das suas variantes.

Fazer essa expo também é uma forma de possibilitar que as bandas “se vejam” e que vejam através do meu olhar. Como possuo um material fotográfico extenso pretendo levá-las a outros lugares, sempre colocando imagens ainda não expostas, sejam de eventos mais antigos, sejam de novos. Esse tema não tem “data de validade” e pode ser continuamente realizado.

Produzir rock na Bahia é para quem tem prazer com a música, é para os perseverantes, pois significa lutar contra a cultura superficial e de massa que é rebocada pela onda do axé music. Essa exposição pretende de certa forma, fazer reverência ao Rock baiano e, através das imagens, ajudar a engrossar esse grito.

Tomando como perspectiva o período desse registro fotográfico, você acha que a cena independente baiana mudou?

Sim. É uma transformação contínua, uma vez que a música, como qualquer outra, sempre absorve novas influências, recebem releituras, além da evolução técnica dos músicos e das formações das bandas que estão continuamente mudando. Muda uma dessas variáveis, teremos, portanto, um produto novo!

Observei que os músicos rocker baianos é uma categoria ávida por informação e estão atentos para o que acontece no mundo, portando o mundo do rock muda e muda também essa cena na Bahia. O que gosto é que apesar das influencias, as bandas sempre mantém uma personalidade própria, o que agrega valor e diferenciam umas das outras.

Qual a parcela de contribuição da luz do palco na sua fotografia? Como fazer dela um aliado?

Esse é um tema interessante. A fotografia se faz com luz e com a ausência dela e que muitas vezes é a parte mais importante do registro em si. Sem dúvidas, a fotografia de shows pode se beneficiar com a iluminação de palco e particularmente quase não uso flash nesse tipo de foto, pois quebraria todo o clima do momento, com o estouro da luz branca.

Tento sempre aproveitar a luz e a ausência dela para um bom registro. Observar é sempre importante, pois a depender da banda eles já possuem um técnico de iluminação e se o fotógrafo for observador dá para antever qual será o exato momento da mudança de luz e que vai entrar aquela especial para a foto. Tem que ser rápido e olho na máquina o tempo todo, pois a cada segundo é uma composição de luz diferente com uma disposição dos músicos também diferente... ou seja as possibilidades são infinitas.
Um desafio, é que normalmente as luzes são fracas, o que necessitam que se utilize uma ISO/ASA mais elevada resultando em um tom granulado e/ou uma velocidade mais baixa possível, resultando também na captura do movimento. Tudo isso pode estragar uma foto ou valorizá-la, tudo depende de como está sendo feito.

Alguma história inusitada sobre os personagens da exposição?

Para quase todos os shows que realizo ou ensaio fotográfico que produzo, sempre acontece uma foto curiosa ou engraçada, cito como exemplo a de Lobão que participou do último Trio do Rock no Carnaval de Salvador e que flagrei o momento da queda do seus óculos ao mesmo tempo em que ele pegava no ar. Um outro exemplo, foi o vocalista da banda Intra, Sérgio, que na adrenalina do show subiu “literalmente” no bumbo da bateria e que depois somente acreditou quando mostrei a foto dele em tal feito! Quem sabe no futuro farei somente uma expo com os registros que contam histórias inusitadas...

O que rola também é a possibilidade de fazer novos amigos, conhecer um pouco mais das bandas e dos seus integrantes. Além da possibilidade de ser contratado para realização de ensaios fotográficos para discos, portfólio e material promocional das bandas, obviamente a um preço acessível e adequado a realidade das bandas alternativas de Salvador.

O que uma pessoa que não vive essa cultura musical vai encontrar em “O rock de todos os santos”?
Um pouco do que acontece na cena alternativa musical, colocando lado a lado nomes já consagrados como Cascadura, Retrofoguetes, Radiola e outras bandas que possuem também um trabalho de alta qualidade e que tem menos tempo de estrada e precisam serem vistas e ouvidas.

Também contará com uma sequência de fotos do Trio do Rock, com direito a imagens não menos curiosas do público ao se depararem com o Rock’n Roll soando em um trio elétrico em plena avenida de Carnaval.